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quinta-feira, 10 de março de 2011

O LANTERNEIRO

quarta-feira, 2 de março de 2011

EM SUSPENSO



Numa tarde ensolarada e quente de setembro, no ano de 1983, um casal de sitiantes voltava para a roça numa das estradas que cortam são thomé das letras rumo à conceição do rio verde.

O corcel branco sacolejava pela estrada arenosa, quando após ter passado por uma area de mata que se fechava em galhos acima do caminho, a passageira sentiu uma vontade violenta de urinar . Foi junto a um recém formado cafezal que o carro parou; a senhora que na época contava com quarenta anos de idade sendo mãe de oito filhos, nao pode deixar de comentar ao esposo, ao voltar : Parece que estou com um monte de bichos mordendo por dentro da minha barriga! Dói muito, e olhe como ela esta estufando!

Este fato aparentemente comum, mudaria radicalmente a vida daquelas pessoas e seria um tormento por dezoito longos anos, em busca de uma solução! Anos aqueles em que a senhora nao mais sse levantou da cama, sendo constantemente invadida por vozes e palavras desconhecidas pelos que presenciavam os poucos momentos de vivacidade em que ela encarnava, para logo então, retornar ao seu torpor moribundo.

Apesar dos parcos recursos de que o chefe daquela família dispunha,todos os possíveis exames clinicos foram feitos da cabeça aos pés da esposa e nenhuma disfunção foi constatada em nenhum dos membros do corpo.
Um ritual diário se passava dentro daquele comodo; fato nao revelado aos médicos que consultaram a enferma. Foi so no ano de 2001 que os familiares resolveram relatar detalhes do que ocorria naquele dormitório de portas fechadas, à uma jovem benzedeira que se fazia notar por ter aliviado pessoas da região, de várias moléstias.
Os recursos utilizados por esta jovem eram os mais variados; a cada paciente um tratamento oposto ao anterior, estando porém a base do seu fundamento, na utilização de pétalas de rosa branca.

O primeiro encontro foi sem grande intimidade; mais um reconhecimento de território para em seguida atuar com os apetrechos corretos, ao estranho caso . A jovem paranormal aceitou o desafio, mesmo que fosse apenas para decifrar o que era falado pela enferma que parecia suspensa do mundo por dezoito longos anos. Nessa época a enferma nao parecia ter mais do que trinta anos; a pele mantinha-se rosada cheirando a lavanda e os cabelos soltos, continuavam negros como eram no passado. Apenas os pés apresentavam uma inclinação para dentro, que se deu naquela tarde em que voltavam ao sítio .

Após ter passado por um dos mais renomados neurologistas da cidade de pouso alegre que indicara um bom psiquiatra para fazer com que a senhora falasse alguma coisa, nada resolvendo, até mesmo pais-de-santo foram consultados no decorrer dos anos, sem tambem esclarecerem aquele estado semi letárgico da mulher.

A Família tinha o costume de se reunir num cômodo externo da casa onde às 18 horas deixavam seus afazeres domésticos para participar da ave-maria, que o velho radio transmitia fielmente todas as tardes. Nessa hora, a jovem benzedeira preferiu permanecer no recinto da enferma para constatar o que lhe haviam comunicado tantas vezes:
A mulher se deitava de costas e ficava olhando para o teto com os olhos semi-cerrados. Em dado momento, esticava o braço direito para abrir uma gaveta do criado-mudo de onde retirava um espelho de mão, olhando-o fixamente para falar e falar por longo tempo; numa língua desconhecida até então, pela observadora. Ao término daquele monólogo sinistro, a benzedeira jogou algumas pétalas de rosa sobre o leito, fez uma oração em silencio e retirou-se do aposento . Por hora aquela cena era suficiente para ser pesquisada nos anais do Mundo Astral.

Quatro meses se passaram até que houvesse um segundo encontro; mas daquela vez havia mais uma pessoa no recinto com um pequeno gravador de bolso, para registrar a tal línguagem. Era um ex seminarista de mente bem aberta, que se prontificou em auxiliar no que pudesse, incrementando assim, os dons naturais da jovem benzedeira .

Ambos se entenderam de imediato e dalí nasceria uma amizade duradoura por muitos anos; um aprenderia com o outro sem qualquer preconceito . Atrás da porta em prece, quatro membros da família sentiam que daquele confronto trino, respostas viriam à tona; seria uma questão de tempo e de paciencia .

Quando o seminarista fez a pergunta : - Com quem estamos falando ?! ...

Nao houve resposta da enferma que se mostrava arredia, mexendo-se na cama como se estive incomodada . Com os olhos cerrados permaneceu e não pegou o espelho ! Foi então num impulso, que a jovem se dirigiu proxima ao leito e fitou aquele rosto pálido quase inexpressivo; tocou-lhe suavemente na testa e pediu que lhes dissesse qual o seu Nome e de onde Vinha . Lentamente ela abriu os olhos e cravou-os no teto, e esticando o braço, pegou o objeto ritualístico de sempre, respondendo na maior naturalidade :

- Numele est marie lascaux. sunt un novice la preotie! ... Vino din orasul marsília, ne am oprit în orasul-port du san sebastian du rio de janeiro pentru a mergela manastirea saint patrick lacurile din dealurile de vitã de vie!

- Onde voce está ?

- Nu stiu ... cred rãtãcisem in padure .

Porque voce nao responde em portugues? Perguntou o seminarista, que aos poucos se aproximava do espelho para dar uma olhada.

- Nu stiu !

- O que voce quer com essa pessoa que esta de cama ?

- Vrei sa afli enfant; il est sub mea responsabilite et pietre si a fugit pãnã cãnd am fost attacked'm ...foarte fricã ! Ei sunt rai iar ugly ...Ajutorul lui Dumnezeu din sua ! Colorat bãrbati gudron... gudron.

Ao seminarista era obvio que a lingua era eslava e com o auxilio de um bom linguista, nao demorariam a traduzir aquelas palavras. No proximo encontro, "ela" teria de responder em latim ou mesmo num frances bem escolar,,, se é que estivesse mesmo "possuída" por alguma inteligencia externa. Para ambos um fato era real: só diante do espelho ela falava e nunca desviava os olhos do mesmo . Seria aquela antiga peça, a responsavel por toda a encenação ? Teriam de pesquisar detalhes da vida privada daquela familia.

Os experimentadores só voltaram a se reunir quatro semanas após aquela primeira sessão. Naquela altura ja haviam decifrado o idioma, sendo o ¨romeno¨; um caso unico na região que quase foi parar nos jornais regionais, se a familia não agisse com rapidez para despistar os vizinhos que andavam atentos quanto aquele casal que de tempos em tempos, aparecia e permanecia por horas recluso na residencia - nesta época estavam numa casa proxima ao centro bancario de conceição do rio verde . Chegaram mesmo a insinuar que a enferma passava por sucessivas sessões de exorcismo; pois alguns ainda traziam na memória o chocante filme da obra de william blatt que em 1976 abalara os conceitos de muitos religiosos no mundo.

A jovem benzedeira tinha decidido que desta vez, retiraria o espelho das mãos da senhora para tentar se comunicar com o ¨Ser¨ que utilizava o espelho como um portal, vindo até este mundo. Para o ex seminarista, grande parte do disturbio devia-se a uma revolta inconsciente da enferma pela dificil vida que levara para sustentar todos aqueles filhos em eras atrás; havia sim uma distorção de personalidade que se comunicava noutra lingua, para chamar a atenção sobre sí, mas nao teria nada de possessão !

Como de costume, alguns familiares ligaram o velho radio para acompanharem a ave-maria. Por volta das 18:20 horas o casal entrou no dormitório; a enferma ja estava a falar e parecia nao notar os recém-chegados . O ex seminarista iniciou então um audível pater-noster no mais puro latim . Risos espalhafatosos fizeram-se ecoar pela garganta da senhora, que então ... começou a falar em italiano. Parecia querer provocar o seminarista ! Em meio àquele duelo, em passos cadenciados a jovem contornou a cama e puxou para sí o espelho, olhando-o fixamente até que pode vislumbrar uma imagem ainda disforme que se assemelhava a uma mulher; Sim, aquele espelho tinha algumas respostas e ela nao o devolveria mais!

Como se tivesse levado um choque elétrico, a enferma emudeceu completamente com um semblante indefeso, diante do ¨roubo¨ do seu objeto de poder! De posse deste, a jovem perguntou: - Marie lascaux, de que voce precisa para deixar em paz a senhora ... ?
A pergunta foi feita por quatro vezes, sem nunhuma resposta, até que pela porta adentro surgiu o esposo apavorado, que chamado momentos antes pelos parentes, tivera uma experiencia indescritível, ao ouvir a voz da esposa falando em portugues, através do velho rádio.

Tinha havido uma Transposição de Portal, segundo a vidente, que para lá tinha corrido sem deixar o espelho de lado. A resposta era audível pelas ondas radiofonicas, que todos ouviam em silencio. Assim Marie declarava :
- Quando os quilombolas atacaram nossa pequena comitiva, eu e mais o garoto Giancarlo, corremos até as pedras mais altas e foi numa das fissuras, que prendi minhas pernas; ele por ser mais rápido correu ao outro lado e gritava por ter caído sobre um enorme formigueiro. Eu nao podia socorre-lo, e o som dos tiros abafaram nossos gritos! Aos poucos comecei a sentir meu corpo congelando e a noite caiu sobre mim; apenas escuridão e nenhum som vinha de parte alguma.

- Como podemos te ajudar, Marie ? Perguntou a vidente olhando para o espelho, que apresentava uma nevoa fria por toda a superfície de cristal.

- Achem Giancarlo e levem-no até o mosteiro de sao patrício; eu estou bem e posso esperar voces me socorrerem! Ele esta sob minha guarda e é filho do monselhor de turim; precisa estar a salvo até que seu pai fique livre das perseguições ... !

- Faremos isso Marie Lascaux, lhe prometo !

- Merci mademoiselle ... maintenant je suis tranquille.

O Rádio voltou à sua programação normal com aquele chiado e misto de vozes vindas das estações vizinhas.

Á família ficou a tarefa de tentar achar o local onde ha quase vinte anos, o casal parou o carro nas proximidades de são thomé das letras. Uma missão quase impossível visto que a paisagem e as trilhas se modificaram com o passar do tempo.

Ao ex seminarista caberia a função de pesquisar nos relatos historicos, entre mosteiros e ordens jesuíticas, se havia uma criança filho de um monsenhor italiano, que a caminho de caxambu, nunca chegara ao destino; tambem sobre essa freira de nome frances.
Quanto à vidente, desde já, ficara a função de encaminhar Marie ao Outro Lado, pois era óbvio que ela nao tinha consciencia de sua morte ha mais de um século. O tempo que levariam era impreciso, mas deveriam o quanto antes trazer de volta ao mundo real, aquela senhora acamada sem contato com os seus bem-amados, o mais breve possível.

CONTINUA .....













sábado, 26 de fevereiro de 2011

ELES POUSARAM...POR LÁ !



- 13 De Novembro - 2010 - São Thomé Das Letras - MG - Brasil

O fato deu-se após um ¨não explicado¨ blackout no município as 21:12 hs.
A chave de captação elétrica da torre estava ABAIXADA, segundo tecnicos que estiveram no local para sanar o problema; os quais nao puderam explicar como deu-se tal desligamento uma vez que ninguem, exceto eles mesmos, conheciam o código digital da estação.

Naquela noite - véspera de um feriado - havia muita musica e vozes no alto do cruzeiro, como de praxe, onde a cacofonia criada por alguns redutos noturnos esbanjavam suas caixas acústicas sem o menor decôro!
Havia turistas circulando pelo parque rochoso, como tambem pela área central. Por uma razão não convencional, de repente nenhum som fez-se ouvir, enquanto uma névoa avermelhada descia, velando espessamente o município.
O escuro aliado ao silencio, quando até mesmo os cães silenciaram, foram testemunhas auditivas do som de aviões-caça que sobrevoavam a região num ritmo acelerado.

Em terra, próximos a uma das entradas do município onde um campo extrativista repousa ha anos, alguns turistas observavam no céu, quatro capsulas metálicas num baixo e silencioso voo, quase a tocar alguns telhados. Aqueles aparelhos apresentavam uma baixa luminosidade e não exibiam som algum. O tamanho dos mesmos nao excedia os dez metros em diametro. Pareciam estar procurando um local para pouso ou esconderijo, segundo os mais ¨sensitivos¨ dos observadores. Fotos foram feitas; poucas deixaram-se registrar nas máquinas e telefones móveis dos felizardos.

Houve apenas uma testemunha,nativa, que observou e fotografou uma das capsulas, proxima de sua casa que mostrava a fuselagem amassada,com uma luz por baixo da mesma que se definhava lentamente antes de tornar-se invisivel, diante dos olhos do jovem! Esse aparelho ou máquina estava acima do poste de luz da rua .

No decorrer da semana, uma teoria circulou por entre os poucos moradores locais que observaram as luzes. Perguntava-se se aquelas máquinas não estariam etiquetando pessoas em grande número ou recolhendo mostras de dna de todos ! Para tal suspeita, fora um fato, dado dois dias depois do avistamento no céu, que levou alguns a pensar até numa ¨Operação¨ entre governantes e aliens .

Na manha de 16 de novembro por volta das 05:46 hs. alguns trabalhadores rurais ficaram boquiabertos com a visão que tiveram de um cortejo, com o qual cruzaram na estrada, quando iam para mais um dia de colheita nos cafezais, em fazenda proxima ao pico do gavião. Esses trabalhadores estavam dentro de um onibus fretado; o qual foi parado para dar passagem a um pelotão que caminhava na frente e na dianteira de caminhões ostentando bandeirinhas vermelhas e que deixavam aparecer sem cerimonia, a metade do corpo, do que parecia serem foguetes, pintados de negro com as pontas em rubro. Seriam mísseis ? Para onde estariam conduzindo tal artilharia ? Aquela operação estaria acontecendo em outros pontos tambem do país ?

Desnecessário é dizer que passeios posteriores, por todo o pico, estão impedidos tanto para turistas como para nativos; nem mesmo fazer fotos ou meditar no pouco frequentado cemitério esotérico, tornou-se possivel!

Há quem afirme categóricamente: ¨Eles pousaram e continuam por lᨠ!







sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

TREZE BADALADAS





Foi também na província das minas gerais no segundo reinado, por volta de 1842 ou 43, que nas imediações do arraial de são thomé das letras deu-se tal estoria .

Um grupo de tropeiros após uma farta refeição, preparava-se para dormir nas cercanias da toca furada quando foram pegos de assalto por um grupo de escravos fujões que ansiavam por víveres e trajes para que continuassem em fuga. Esta tropa vinha de barbacena serpenteando a estrada real, com destino ao palácio de petrópolis, onde um fidalgo português prestes a retornar à lisboa, aguardava impacientemente certa mercadoria que o faria respeitado nas cortes européias novamente.

As manufaturas inglesas no porto da cidade de são sebastião do rio de janeiro naquele período, eram excessivas; as tropas iam em busca de gomas, resinas, alcatrão, cerâmicas, ferragens, chapéus, veludos, linhos, sedas e cordoalhas que, aguardavam expostos ao sol e chuva, tamanha a quantidade, seus futuros lares nos confins do brasil . Tambem levavam  alguns produtos exóticos do interior, para venda ou troca, segundo as exigências dos senhores de terras.  O tabaco que saía do brasil em troca de escravos, ha muito estava em baixa e poucos supunham que os ingleses, finalmente poriam um fim ao tráfico de negros, oficialmente em 1850, deixando perplexa, a maioria da sociedade brasileira de então.  Era um tempo difícil; as estradas não eram seguras e mesmo tropas pequenas como aquela, com dez homens e catorze muares, não estavam livres de ataques repentinos a qualquer hora da jornada.

Em meio às peças de fibras naturais, aves, peles, gamelas, peanhas e anjinhos talhados em jacarandá, sementes, frutos secos e gemas semi preciosas que desceriam ate petrópolis primeiramente, um dos tropeiros de nome gerard - apelidado de o Corso - trazia duas carcaças de jabuti, de considerável peso ! Elas estavam recheadas por diamantes de brilho indescritível . O massacre ocorreu numa quarta-feira de cinzas antes das doze badaladas da meia-noite .  Do arraial, alguns moradores distinguiram o disparo de tiros que mesmo abafado pela forte ventania, lhes chegava aos ouvidos .  Não ousavam caminhar pelas ruas escuras, pois os lampiões ja se haviam apagado horas atras, mas olhavam pelas frestas dos janelões guarnecidos por travas maciças, na esperança de ver alguma coisa; apenas uma bruxuleante claridade aparecia vez ou outra no alto da colina, na misteriosa toca furada . Quem estaria fazendo fogo por lá ? Gente decente não andaria àquelas altas horas a caçar ! Melhor seria esperar pelo nascer do sol quando então alguns homens subiriam as rochas para por fim àqueles sons que pareciam gemidos.

Dos dez tropeiros atacados com pedaços de pau, ferro e facões, apenas um sobreviveu; ainda que por pouco tempo . Quanto porem ao conteúdo dos jabutis, só mesmo quando no leito de morte é que ele revelou a sua então *sinhama* enfermeira chamada tulia, que pertencia à família do capelão, onde fora levado em meio aos corpos dos companheiros massacrados na toca furada. O arraial ficou tão preocupado com o tal ataque dos aquilombados, que resolveu usar o sino da igreja matriz como alarme, soando 13 vezes, caso os vigias avistassem sinal de movimento anormal nos vales ou cercanias. A torre estaria por 24 horas servindo como base de observação; mesmo de noite, quando todo o arraial passaria então a manter latões acesos com alcatrão e querosene, em pontos estratégicos .

Tulia, apesar da idade avançada de trinta e poucos anos, era um dos mais belos exemplares do continente africano, descendia da raça felanim ;uma figura que poderia ser notada como clássica em meio aos outros escravos que viviam no arraial . O matiz da pele era azeitonado, os traços fisionômicos harmoniosos, o andar vagaroso e discreto; trajava-se com xitão e pano da costa na cintura e sobre os ombros esquálidos, tendo como único adereço, uma teceba de sementes brancas que ganhara da falecida tia, única parente já falecida, trazido da serra leoa como amuleto que os fetichistas usavam para se fazerem * invisíveis * diante dos inimigos .

Quanto ao carregamento, muito foi destruído pelos atacantes que mexeram desordenadamente atirando o que vinha à tona sem o menor cuidado. Algumas canastras puderam ser conduzidas ao porão da igreja matriz ate que fossem reclamadas pelos legítimos donos . Os jabutís recheados permaneciam envoltos num balaio de palha cobertos por ceroulas desgastadas e de cor incerta; lembrança da côrte francesa onde o corso servira como lacaio num chatelet ... antes que decidisse vagar e fazer fortuna no novo mundo .

Os corpos dos colegas foram transportados a uma sepultura coletiva, pois o tempo exigia rapidez antes que os roedores começassem a profanar os corpos expostos .
O sobrevivente permanecia sob os cuidados da “sinhama “ tulia ; ora delirando ora falando sobre sua vida familiar ha muito deixada no continente europeu . Dissera que seu irmao, chamado jean claude, nao tardaria a procurar pela tropa e que ao passar pelo arraial, desse um jeito de comunicar ao forasteiro sobre os jabutís, que o mais cedo possível ,deveriam sair da igreja e ficar sob a guarda da escrava . Naturalmente que tulia seria agraciada com algumas pedrinhas para então tornar-se livre e podendo ate viver na côrte, se quisesse . Era tentadora tal possibilidade mas desde o início o risco seria grande; na quela igreja, apenas os brancos tinham acesso para comungar com o Divino e mesmo para fazer a limpeza diária dos recintos, havia um capataz a observar os braços e pernas dos serviçais do alto da nave barroca . Havia sim, outra igrejinha no arraial, dedicada a nossa senhora do rosário onde os escravos podiam frequentar, mas isso se dava duas ou tres vezes ao ano quando precisassem de um corretivo moral ou para batizar seus descendentes. Algumas crianças desses escravos, tal qual os filhos dos sinhõs, se vestiam nas cores branco e azul até os doze anos de idade, em homenagem á virgem maria . Todos deveriam ser batizados- brancos ou negros - e enquanto aguardavam pela data, deveriam dormir sob a luz de uma candeia acesa todas as noites, pois poderiam ser vitmados pela " bruxa ou lobisomem a chupar-lhes o sangue ".

Continua...